O presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, e o presidente chinês, Xi Jinping, na nona Cúpula do Fórum de Cooperação China-África (Focac), em Beijing, China. 5 de setembro de 2024
Florence Lo / REUTERS / Fotoarena
Nos últimos 20 anos, a China expandiu seu comércio com a África, tornando-se o maior parceiro comercial do continente. Por meio do Fórum de Cooperação China-África (Focac), em que África e China trabalham em conjunto, foram direcionados bilhões de reais para a construção de estradas, ferrovias e portos em países africanos.
Em 2022, a China importou matérias-primas africanas, como petróleo e minérios, e exportou produtos industrializados. Para lucrar cerca de R$ 242 milhões com esses projetos, a China fez investimentos de R$ 30 bilhões na área de infraestrutura do continente, principalmente na construção de novas ligações de transporte, instalações de energia e no desenvolvimento da mineração.
Como esse investimento se trata de um empréstimo, essa relação comercial faz com que muitos países africanos, como Angola, Zâmbia e Quênia, tenham dificuldades financeiras para pagar suas dívidas. Segundo o professor Steve Tsang, da Faculdade de Estudos Orientais e Africanos (Soas, na sigla em inglês), “a China se dispôs a emprestar dinheiro para projetos na África, mas agora muitos países africanos perceberam que não estão conseguindo receita suficiente desses projetos para pagar os empréstimos”.
Ou seja, a promessa de que a África conseguiria devolver o dinheiro que teria obtido dos projetos com os chineses não se concretizou.
O comércio com a China ajudou ou prejudicou a África?
Enquanto a China comemora essa parceria e descreve seus investimentos na África como uma iniciativa na qual todos ganham, está claro que os projetos de construção realizados pelos chineses na África trouxeram poucos benefícios para os moradores locais e esse resultado gerou ressentimentos.
Especialistas seguem apontando problemas e uma das críticas em relação às empresas chinesas no continente africano é a falta de oportunidades para a economia local: “As empresas chinesas trazem principalmente os próprios trabalhadores e não oferecem muitos empregos locais”, explica Steve Tsang. “Existe também a sensação de que eles empregam trabalhadores locais em cargos com condições de trabalho adversas.”
Outro ponto que chama atenção são as dívidas dos empréstimos. Muitas vezes vinculadas à exportação de matérias-primas, elas deram ao país asiático controle sobre recursos africanos, como petróleo e minérios.
Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, aponta que os governos devem evitar o empréstimo que envolve dinheiro em troca do controle de recursos naturais. Essa relação pode ser arriscada para os países africanos, pois a dependência excessiva de investimentos estrangeiros pode aumentar sua vulnerabilidade econômica e limitar a autonomia desses países, dificultando seu desenvolvimento a longo prazo.
Glossário
Importar: Trazer de outro país.
Exportar: Vender a outro país.
Fonte: BBC News Brasil
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