A queima de gás contribui para a maior frequência de eventos extremos, como secas e enchentes
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A queima de gás natural durante a extração de petróleo – técnica conhecida como flaring, usada para eliminar gases como o metano, liberados durante o bombeamento do petróleo do solo – atingiu em 2024 o maior nível desde 2007, liberando cerca de 389 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente na atmosfera.
De acordo com o relatório divulgado pelo Banco Mundial no meio deste ano, foram queimados 151 bilhões de metros cúbicos de gás em 2024, 3 bilhões a mais do que no ano anterior. Estima-se que 46 milhões de toneladas dessas emissões tenham origem em metano não queimado — um dos gases de efeito estufa mais potentes, intensificando o aquecimento global.
Embora o flaring tenha como objetivo garantir a segurança dos trabalhadores ao aliviar o acúmulo pressão e a prática tenha se tornado comum e rotineira em muitos países, especialistas apontam que seu uso excessivo está mais ligado a custos evitados pelas empresas: é mais barato queimar o gás do que armazená-lo, processá-lo e comercializá-lo.
Além disso representa também um enorme desperdício energético: pelo segundo ano consecutivo, a queima de gás cresceu, provocando a perda de aproximadamente US$ 63 bilhões (R$ 350 bilhões) em energia somente no último ano.
O relatório aponta que nove países concentram 75% da queima global de gás, entre eles Rússia, Irã, Iraque, Estados Unidos e Venezuela. Em contraste, produtores como Angola, Egito, Indonésia e Cazaquistão demonstraram progresso, com o último reduzindo em 71% o flaring desde 2012 graças à aplicação de multas rigorosas.
A Agência Internacional de Energia defende o fim da prática até 2030, com exceção de emergências. Embora as soluções para evitar o flaring sejam conhecidas e economicamente viáveis, segundo o especialista Jonathan Banks, da Clean Air Task Force, falta vontade política e regulação eficaz para sua adoção em grande escala.
Fontes: The Guardian, Um só planeta, World Bank Group.
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