Prestar atenção no que consome é um cuidado que pode promover uma melhor qualidade de vida
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Alimentação não precisa ser papo só para adultos. Prestar atenção no que come e na qualidade e na quantidade dos alimentos do seu prato pode ajudar a evitar doenças como obesidade e diabetes. Comer bem também influencia diretamente a sua disposição para brincar, praticar esportes e estudar. O que você come impacta na sua qualidade de vida hoje e nos hábitos que você terá durante sua vida adulta.
Você já ouviu aquela história de que quanto mais colorido, melhor? Pois é, essa é uma dica valiosa para quem quer ter uma alimentação saudável e equilibrada. Não é preciso entender tudo sobre vitaminas, minerais e nutrientes. Mas, se você seguir a regra do prato colorido, sua alimentação estará muito mais equilibrada.
Hoje, a variedade de alimentos é enorme, e o acesso a produtos que não são considerados saudáveis cresce a cada dia. “Cada cor representa um grupo diferente de vitaminas e minerais. Costumo dizer que a alimentação deve conter todas as cores do arco-íris, que é importante comer um alimento de cada cor ao longo do dia. Incentivo sempre a prática do descasque mais e desembale menos”, aconselha a nutricionista Fernanda Lepera, especialista em alimentação infantil.
Doces, chocolates, batata frita e salgadinhos. Tudo isso é uma delícia. Mas é preciso entender por que o consumo exagerado desses alimentos pode fazer mal. Saber disso ajuda você a participar das próprias escolhas. “Por volta dos 7 aos 9 anos as crianças já entendem o impacto dos alimentos na saúde e podem fazer escolhas com mais autonomia”, conta Fernanda.
Os vilões da alimentação
Você já ouviu falar em alimentos ultraprocessados? Eles são produtos industrializados, feitos com muitas substâncias artificiais e pouco ou nenhum alimento de verdade. ”Costumam ser ricos em açúcar, gordura ruim, sal e aditivos químicos”, explica a nutricionista. “Quando consumidos todos os dias, esses alimentos aumentam o risco de problemas de saúde, como obesidade, diabetes, colesterol alto e alterações no intestino e no humor. Eles oferecem muita energia (calorias), mas quase nenhum nutriente importante para o crescimento”, completa. Evitar esse tipo de alimento ultraprocessado é uma decisão importante para construir um hábito alimentar saudável.
Alguns alimentos, em especial, podem ser perigosos quando consumidos em excesso e com frequência. Inclusive estão no radar de órgãos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Alimentos classificados como fast-foods (comidas rápidas), como hambúrgueres, pizzas e batatas fritas, lideram o ranking dos mais prejudiciais ao organismo. Outros alimentos que também exigem cuidado são: doces (por causa do açúcar), embutidos (como salsicha, presunto e linguiça), sucos em pó, refrigerantes, salgadinhos e macarrão instantâneo. Todos eles devem ser consumidos com moderação.
Glossário
Diabetes: Condição em que o corpo tem dificuldade para regular o nível de açúcar no sangue (glicose) devido à falta ou má utilização da insulina, hormônio que ajuda a levar a glicose para as células.
Vitaminas: Encontradas nos alimentos, ajudam nosso corpo a funcionar bem. Um exemplo é a vitamina C, encontrada na laranja e na goiaba, e que ajuda nosso corpo a se proteger de doenças.
Minerais: Nutrientes essenciais, como cálcio, ferro e zinco, que o corpo precisa para funcionar bem e se desenvolver.
Colesterol: Gordura presente no sangue, essencial para o funcionamento do corpo, mas que em excesso pode causar problemas de saúde.
Fonte: Estado de Minas.
Rótulos: a ficha técnica dos alimentos
Os rótulos dos alimentos são aliados simples e acessíveis para entendermos um pouco do que consumimos. Eles trazem informações importantes dos alimentos, como quantidade de calorias, tipos de gordura, quantidade de sal e outros ingredientes presentes naquele produto.
Essas informações nutricionais ajudam você a fazer escolhas mais conscientes e saudáveis na hora de comer.
Saber ler e interpretar os rótulos é um passo importante para ter mais autonomia nas escolhas alimentares e, assim, cuidar melhor da sua alimentação no dia a dia.
Insegurança alimentar: quando a comida não é suficiente
O Brasil é um dos países que mais produzem alimentos no mundo, ficando atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos. Em 2024, nosso país produziu 283 milhões de toneladas de alimentos e bebidas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
Hoje, somos destaque na produção de alimentos como soja, milho, cana-de-açúcar, café, laranja e arroz. Ainda assim, muita gente acorda sem saber se vai conseguir comer. Essa situação tem um nome: insegurança alimentar.
Uma pessoa em situação de insegurança alimentar não tem acesso físico, econômico e social a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer suas necessidades e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, mais de 8 milhões de brasileiros estavam na linha da insegurança alimentar grave. Se somarmos com a insegurança alimentar leve e moderada, o número chega a 64,2 milhões de brasileiros.
No mundo
A situação da insegurança alimentar não é um problema exclusivo do Brasil. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a insegurança alimentar aguda aumentou pelo sexto ano consecutivo em 2024. Apenas no ano passado, 295 milhões de pessoas, em 53 países e territórios, enfrentaram fome aguda: 14 milhões a mais do que em 2023.
Fontes: Pacto contra a fome, Agência Brasil, G1, Consumidor Moderno e ONU
Obesidade infantil: alerta mundial
Você sabia que muitas crianças no Brasil estão com excesso de peso? Segundo o Ministério da Saúde, mais de 3 milhões de crianças com menos de 10 anos têm obesidade. Uma pessoa é considerada obesa quando seu peso está muito acima do que é considerado saudável para sua altura e idade. A obesidade infantil é um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil e no mundo.
Segundo o IBGE, uma a cada três crianças é obesa no país. Nos próximos dez anos, esse número pode passar de 50%. Em 2023, 33% dos adolescentes brasileiros já apresentavam excesso de peso.
A obesidade é uma doença que traz riscos graves para a saúde. Segundo dados da The World Obesity Federation, cerca de 158 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos convivem com o excesso de peso no planeta. O número deve ultrapassar os 250 milhões até 2030.
Especialistas têm apontado alguns caminhos para controlar a obesidade infantil, entre eles o acesso a comidas saudáveis, prática de atividades físicas e menos tempo de tela. A primeira é facilitar o acesso das crianças a comidas saudáveis desde pequenas.
Fontes: G1 e Ministério da Saúde.
Brasil desperdiça toneladas de alimentos por ano
Um dos problemas centrais da insegurança alimentar é o desperdício de alimentos. O Brasil, por exemplo, desperdiça mais de 55 milhões de toneladas de alimentos por ano.
Segundo o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024 da ONU, em 2022, foram gerados 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares (incluindo partes não comestíveis), o que dá 132 quilos de alimentos por pessoa. Esse relatório aponta que os alimentos mais desperdiçados são frutas, hortaliças, tubérculos e laticínios.
O desperdício acontece durante todo o caminho que o alimento faz, desde a hora do plantio até o momento em que chega em nossa casa. Nós, os consumidores finais, por exemplo, desperdiçamos anualmente 7,5 milhões de toneladas de alimentos.
Fontes: Pacto contra a Fome, Metrópoles, ONU.
Brasil fora do Mapa da Fome
Entre os anos de 2021 e 2023, quase 4% da população brasileira passou fome. Esses dados são da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e colocaram o Brasil no Mapa da Fome. Porém, recentemente, a agência reavaliou a situação do país e o retirou desse indicador global.
Criado pela ONU, o Mapa da Fome identifica os países que enfrentam a fome e a insegurança alimentar no mundo. Um país entra no Mapa quando mais de 2,5% de sua população enfrenta essa situação.
Mas como é possível o país conviver com essa insegurança alimentar, já que somos grandes produtores de alimentos? Segundo especialistas, preços altos e desemprego dificultam o acesso de muitos brasileiros a itens básicos da alimentação. “O problema da fome não é a falta de produção de arroz e feijão. O problema é basicamente não ter dinheiro para comprar comida. O supermercado está cheio, a prateleira está cheia, o que está vazio é o carrinho que passa no caixa”, disse José Graziano, Fundador do Instituto Fome Zero (IZF).
Outros motivos são que grande parte do que é produzido internamente no Brasil é destinado a outros países, não ao abastecimento interno. E, claro, as mudanças climáticas são um risco para os alimentos, já que muitas colheitas são perdidas por conta de variações de temperaturas, por exemplo.
Fontes: G1, Politize, Ministério da Saúde.
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