Como as grávidas precisam fazer o pré-natal, as crianças têm apresentado menos problemas de saúde
Elizaveta Galitckaia/Shutterstock
Você provavelmente já ouviu falar no Bolsa Família, um programa criado pelo governo brasileiro para ajudar as famílias mais pobres a terem uma vida melhor. O programa não é só uma ajuda em dinheiro: ele vem junto com algumas obrigações. E sabe o que está acontecendo? Pesquisas recentes mostraram que, além de combater a fome e a pobreza, o Bolsa Família também salvou muitas vidas e evitou milhões de internações em hospitais.
Um estudo feito por cientistas da Fiocruz, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e de outras instituições, e publicado na revista internacional The Lancet Public Health, revelou dados importantes. Foram analisadas informações de 3.677 cidades brasileiras (o que cobre mais de 87% da população do país), e os cientistas descobriram que, entre 2004 e 2019, o programa foi responsável por evitar mais de 710 mil mortes e 8,1 milhões de internações hospitalares em todo o Brasil.
Mas como isso aconteceu? O Bolsa Família ajudou a melhorar a saúde das pessoas de várias maneiras. Ao ter uma renda mínima garantida, mesmo que pequena, as famílias conseguiram comprar mais alimentos, cuidar melhor da própria saúde e, principalmente, cumprir as condições exigidas pelo programa. Isso significa que mais crianças foram vacinadas, mais gestantes fizeram os exames do pré-natal e mais famílias passaram a procurar os postos de saúde. Tudo isso fez com que doenças como desnutrição, infecções e complicações de gravidez diminuíssem bastante.
Os impactos foram especialmente fortes em dois grupos:
- Crianças com menos de 5 anos, que tiveram uma redução de até 33% nas mortes – isso mostra como o programa foi fundamental para garantir que os mais novos crescessem mais saudáveis e protegidos.
- Idosos com mais de 70 anos, que tiveram uma redução enorme nas internações (quase 50% a menos) – isso significa que essas pessoas ficaram doentes com menos frequência e precisaram menos dos hospitais.
O programa não só melhorou a qualidade de vida, como também ajudou a economizar dinheiro no sistema de saúde, já que prevenir doenças é muito mais barato do que tratar depois que elas aparecem.
Os pesquisadores foram além e fizeram uma simulação do que poderia acontecer se o programa fosse aumentado até 2030, incluindo mais famílias e oferecendo benefícios maiores.
De acordo com o resultado, poderiam ser evitadas mais de 683 mil mortes e mais de 8 milhões de internações adicionais. Isso mostra que investir em programas sociais é uma maneira inteligente de cuidar das pessoas e também da economia do país.
Além disso, o estudo destacou que os benefícios do programa foram maiores nas regiões mais pobres do Brasil, como o Norte e o Nordeste, onde há mais pessoas em situação de vulnerabilidade.
Glossário
Pré-natal: Acompanhamento médico que a mulher faz durante a gravidez. Ele serve para cuidar da saúde da mãe e do bebê, garantindo que tudo corra bem até o momento do parto.
Fontes: Agência Fiocruz de Notícias, Estadão e Folha de Pernambuco.
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