Manifestantes pedem a Harvard que resista à interferência do governo federal na universidade. No cartaz, lê-se o recado: Tire as mãos de Harvard. Massachusetts, Estados Unidos, 12 de abril
Nicholas Pfosi / REUTERS / Fotoarena
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que quer tirar os benefícios fiscais de Harvard, uma das instituições de Ensino Superior mais prestigiadas e antigas do mundo. Esses benefícios funcionam como uma espécie de “desconto” nos impostos que a universidade paga ao governo, o que é bastante comum entre instituições que fazem pesquisas, ajudam a sociedade ou oferecem ensino de qualidade.
Nos últimos meses, Harvard, assim como outras universidades dos EUA, tornou-se palco de protestos contra a guerra em Gaza – muitos estudantes pedem que os Estados Unidos parem de apoiar militarmente Israel, que segue em conflito contra a Palestina na Faixa de Gaza. Trump acredita que esses protestos são perigosos e mostram que as universidades estão influenciando os alunos com ideias que ele considera radicais. Ele também acusou Harvard de ser antissemita (contra os judeus) e uma “ameaça à democracia”.
Em abril, Harvard entrou na Justiça contra o governo dos EUA. O motivo? Trump queria congelar (ou seja, parar de liberar) mais de US$ 2,2 bilhões em verbas que iriam para a universidade, o equivalente a cerca de R$ 13 bilhões. Essas verbas são usadas principalmente para pesquisas científicas e médicas.
O presidente de Harvard, Alan Garber, afirmou que nenhum governo deve dizer o que as universidades podem ensinar, quem podem contratar ou quais pesquisas podem fazer. Garber se recusou a aceitar as ordens de Trump e, como consequência, o dinheiro foi congelado.
O governo enviou uma carta exigindo mudanças no comando da universidade, reformas na maneira como os alunos são selecionados, o fim de programas voltados para diversidade, igualdade e inclusão, e mais controle sobre o que os alunos e professores podem dizer ou fazer dentro do campus.
Até o fechamento desta edição, a Universidade Columbia, uma das mais conhecidas dos Estados Unidos, localizada na cidade de Nova York, anunciou que vai demitir 180 funcionários porque o governo de Trump cortou US$ 400 milhões da ajuda financeira do governo. Esse valor era usado para pagar parte dos salários e das pesquisas na universidade.
Cerca de 20% dos funcionários da Columbia receberam avisos de que seus contratos não serão renovados ou de que serão demitidos. Todos esses trabalhadores tinham seus salários pagos, pelo menos em parte, com o dinheiro que vinha do governo.
Com o corte, alguns departamentos de pesquisa serão encerrados e a produção científica será reduzida. Além disso, muitos projetos nas áreas de saúde, ciência e tecnologia podem ser adiados ou cancelados.
A situação de brasileiros nas universidades estadunidenses
Estudantes e pesquisadores brasileiros que estão nos EUA relatam medo e insegurança com as novas políticas. Muitos não sabem se terão salário, bolsa de estudo ou visto de permanência. Por isso, evitam dar entrevistas ou até mesmo usar os e-mails da universidade para conversar sobre o assunto, pois temem sofrer represálias.
Uma das maiores preocupações dos pesquisadores é o corte de verbas para a Ciência. Só o orçamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que são muito importantes para a pesquisa médica, pode ser reduzido em até 40% a partir de 2026.
Uma pesquisa feita pelo instituto Gallup mostrou que a confiança dos estadunidenses nas universidades está diminuindo, sobretudo entre os eleitores do Partido Republicano, o mesmo de Trump. Eles acreditam que elas estão mais preocupadas
com política do que com a formação dos estudantes.
A maioria das universidades estadunidenses é privada, mas elas recebem dinheiro público para projetos científicos, além de benefícios como isenções fiscais.
Essas parcerias com o governo são comuns em todo o mundo e importantes para o avanço da Ciência e da Educação de um país.
Glossário
Isenção fiscal: Dispensa do pagamento de determinados tributos (como impostos, taxas ou contribuições) para pessoas, empresas ou instituições, em determinadas situações previstas por lei.
Fontes: UOL, G1 e Valor Econômico
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