O Brasil avançou cinco posições no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), passando do 89o para o 84o lugar entre 193 países, conforme relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado em maio. A maior pontuação que um país pode alcançar é 1. O índice brasileiro subiu de 0,760 para 0,786, ou seja, está classificado como alto, superando pela primeira vez o nível de antes da pandemia.
De acordo com o relatório, a Islândia foi o país mais desenvolvido do mundo, com IDH de 0,972, graças a avanços na Educação. Já o Sudão do Sul ficou em último lugar, com IDH de 0,388 – o país enfrenta uma guerra civil e tem o menor PIB per capita do mundo.
O avanço do Brasil aconteceu principalmente por causa do aumento da expectativa de vida, que foi de 73,4 para 75,8 anos, e pela alta na renda por pessoa. Mesmo assim, o país ainda fica atrás de vizinhos como Peru, Colômbia, Argentina, Chile e Uruguai.
Na Educação, os números quase não mudaram. A média de tempo que uma pessoa passa na escola ficou em 8,4 anos, praticamente a mesma do ano anterior, enquanto o ideal seriam 15,8 anos – o que abrangeria no Brasil as etapas da Educação Infantil ao final do Ensino Médio.
Segundo Betina Ferraz Barbosa, a economista-chefe da Unidade de Desenvolvimento Humano do Pnud Brasil, melhorar a educação leva tempo, e problemas como o abandono dos estudos ainda são grandes. As recentes políticas públicas de apoio financeiro a alunos do Ensino Médio podem ajudar, mas ainda é cedo para determinar os efeitos desse auxílio.
Analfabetismo ainda preocupa
O reflexo do abandono dos estudos é sentido pelas taxas de analfabetismo no país. O Brasil permanece desde 2018 com 29% da população de 15 a 64 anos afetada pelo analfabetismo funcional.
O estudo de Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizado pela associação Ação Educativa, revela que essa condição é consequência da baixa qualidade educacional no país. Entre as pessoas analisadas, 7% são consideradas analfabetas absolutas, enquanto 22% apresentam alfabetismo rudimentar (ou seja, incompleto, pouco desenvolvido), totalizando 29% de analfabetos funcionais.
A pesquisa, que entrevistou 2.544 pessoas em diversas regiões do Brasil, revelou que a maioria dos analfabetos funcionais é composta de pessoas de 40 a 64 anos, embora também haja uma proporção significativa de jovens entre 15 e 29 anos (17%) e adultos entre 30 e 39 anos (17%).
Apesar de o Brasil ter experimentado uma queda no analfabetismo funcional até 2009, os dados recentes indicam que não houve avanços significativos nos últimos anos, principalmente após a pandemia, que agravou a situação devido ao fechamento das escolas.
Os dados do estudo também destacam que, mesmo com a conclusão do Ensino Médio, 17% da população ainda se encontra no nível de analfabetismo funcional, e até 12% dos indivíduos com diploma de Ensino Superior apresentam dificuldades nesse sentido.
Além disso, pela primeira vez o estudo avaliou a alfabetização digital, revelando que 25% da população entre 15 e 64 anos tem baixo desempenho em atividades digitais. Esse percentual aumenta entre aqueles com níveis mais baixos de alfabetização tradicional.
O estudo mostrou, ainda, que a falta de habilidades digitais faz com que as pessoas fiquem mais vulneráveis no mundo virtual, o que pode afetar negativamente seus direitos básicos.
Glossário
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Indicador criado para medir o nível de desenvolvimento de um país, estado ou cidade, considerando a qualidade de vida e o bem-estar da população.
Analfabetismo funcional: Dizemos que uma pessoa é analfabeta funcional quando é incapaz de ler, escrever e usar a matemática em seu dia a dia, apesar de ler e escrever.
Fontes: Relatório de Desenvolvimento Humano 2025, G1 e Folha de S.Paulo
COMENTÁRIOS